“Esta história celebra um encontro”, comenta Ana Maria Machado, uma das grandes autoras da literatura infantojuvenil mundial. Cantando a esperança, O menino e o maestro narra a amizade entre o pequeno Teleco, morador de um morro carioca e percussionista da bateria mirim de uma escola de samba, e o maestro de uma roda de choro que toca clarinete numa orquestra sinfônica.
A obra trata com delicadeza temas como o trabalho infantil e o abandono de um filho pelo pai, enfatizando a potência da música para promover laços afetivos e gerar transformação social.
A autora, com o apoio do nosso editorial, falou sobre o livro, a relação dele com os dias atuais, como ele pode ajudar na formação leitora dos estudantes e muito mais. Vamos juntos conhecer os motivos para adotar a obra no PNLD 2023 – Objeto 3.
1. Conte um pouco sobre a obra e a relação dela com os temas da atualidade.
O menino e o maestro é uma história sobre a força da música e da amizade, capazes de promover esperança e transformação. Trata-se do encontro entre Teleco, menino que vive numa comunidade e toca tamborim na bateria mirim de uma escola de samba, e o personagem conhecido como maestro, que, além de reger a roda de choro do morro, toca clarinete na orquestra sinfônica do Teatro Municipal. O maestro reconhece o talento impressionante do menino e leva-o para conhecer a orquestra, além de apresentá-lo às composições de Mozart, tão diferentes daquelas que ele está acostumado a tocar na bateria.
Para o menino, entrar em contato com a música clássica abre portas para um mundo musical até então inédito, repleto de novas percepções e sensações, que vão ajudá-lo a compreender melhor a música e a si mesmo. Dessa relação entre o menino e o maestro nasce uma amizade rara, cheia de possibilidades, criatividade e afeto.
A obra tem capacidade de despertar interesse para a linguagem da música e para ações de empatia e cumplicidade, ao falar de diversos temas: família, amizades, escola, crítica social, pluralidade cultural, autoconhecimento e sentimentos.
2. Quais são os pontos fortes da leitura da obra para o professor e para os estudantes?
Ana Maria Machado: “O menino e o maestro” explora sobretudo duas linhas, ambas muito ricas e ao alcance de qualquer professor que se disponha a ler a história com atenção e pensar no que ela lhe sugere.”
“A primeira é a valorização da música, em todas as suas formas, todos os seus estilos e os mais variados instrumentos — de percussão, sopro ou corda —, bem como da própria voz humana. É interessante mergulhar nas canções que as diferentes crianças conhecem e podem trazer para o convívio dos colegas. Valer-se delas para momentos tristes ou alegres, agitados ou calmos.”
“A segunda linha é a família: a questão do pai ausente, a busca de outros modelos masculinos que possam ser admirados e a valorização da mãe que cumpre tarefas múltiplas. Eis a discussão do papel de cada um dentro do núcleo familiar. Está posto, por conseguinte, o debate sobre machismo e feminismo, com uma análise dos papéis sociais que as diferentes profissões têm, a contribuição de cada um para a sociedade. Músico é útil? E professor de música? E professor de outras coisas?”
“Mas há uma terceira linha, que pode não ser evidente, mas é também muito importante: a discussão da contribuição dos artistas e criadores negros à cultura brasileira. Pode-se começar pela música, porque o livro aborda muito isso, mas daí é possível levar a pesquisas em outras áreas, seja nas artes (literatura, teatro, cinema, televisão, pintura), seja na ciência e na tecnologia (medicina, engenharia, geografia etc.).”
“Cada professor saberá, de acordo com a idade e maturidade de sua turma, como conduzir essas pesquisas. E certamente os consultores da FTD Educação estão muito qualificados para fazer sugestões nessa área, conhecedores dos currículos e das práticas pedagógicas.”
3. Como a obra pode colaborar na formação leitora dos estudantes? O que você diria ao professor de escola pública para fomentar essa formação, na escola e fora dela?
A obra tem grande potencial para ser trabalhada em sala de aula com os estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais. Nessa fase, eles já passaram por fases anteriores de alfabetização, em que trabalharam a aquisição de habilidades como a relação entre grafemas e fonemas, a decodificação e a codificação. Assim, já são capazes de processar grandes unidades de texto com mais velocidade e precisão.
Professor, por ser uma atividade de caráter lúdico, que entretém e envolve, a leitura do texto literário possibilita a transmissão de conhecimento de forma muito eficaz e prazerosa. Muito já se falou sobre a necessidade de levar a literatura à sala de aula para incentivar a fruição literária, ou seja, a leitura por prazer. O grande desafio dos professores é evitar que a leitura se torne uma obrigação enfadonha, de simples verificação de conteúdo, memorização de vocabulário ou de verificação de fluência leitora. Devem ser trabalhadas na escola tanto a fruição literária, em uma perspectiva que visa o envolvimento do estudante e sua identificação de forma afetiva com o texto literário, quanto o domínio das formas de construção desse texto.
É importante, ainda, ressaltar para os responsáveis pelos estudantes a importância da leitura em família, já que o núcleo familiar tem um papel fundamental na formação intelectual desde a primeira infância até o desenvolvimento da autonomia leitora. Você pode apresentar a proposta de leitura em família na primeira reunião do ano, contando a sinopse e os detalhes dos livros que vão ser trabalhados na escola, para que possam participar ativamente com conversas e perguntas sobre as narrativas que os estudantes vão recontar e comentar em casa.
Em nosso site, você encontra todas as obras disponíveis, acesse agora: hml-pnld.ftd.com.br
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Sobre a autora:

Ana Maria Machado é autora de dez romances, 12 livros de ensaios e mais de 100 livros infantojuvenis, com tradução em 28 países. Em 2000, ganhou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil mundial, e no ano seguinte recebeu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis. Ganhou, ainda, o prêmio Príncipe Claus, da Holanda, o Casa de las Américas, da organização cubana homônima, e três Jabutis. Desde 2003, integra a Academia Brasileira de Letras.